O Satélite brasileiro Geoestacionário.

Postado em 13/ago/2015 em Tecnologias

satelite-brasileiroO novo Satélite permitirá que todo o tráfego de informações governamentais aconteça por rede própria, ampliando a segurança. Imagine uma troca de e-mail com informações sobre uma transação comercial estratégica para o governo brasileiro. Quando o remetente aperta a tecla enviar, esse pacote de dados faz um longo caminho até chegar à caixa do destinatário. E, durante o percurso, essas informações ficam vulneráveis. “Os dados ficam expostos e à mercê de políticas de vigilância dos países por onde passam”, explica o diretor do Departamento debanda larga do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra.

A vulnerabilidade, que é prejudicial para a soberania brasileira, está com os dias contados. O Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC), que está em construção, dará mais segurança às comunicações do país. “Todo esse tráfego de dados será feito por uma rede própria, o que garante o controle da rota que essa informação fará”, explica Coimbra.

Por isso, o governo utilizará a blindagem que uma rede própria proporciona para garantir a inviolabilidade de suas comunicações estratégicas. Dessa forma, toda a comunicação realizada entre os órgãos da administração federal será feita, preferencialmente, por meio do satélite geoestacionário.

O novo satélite brasileiro, além de servir como canal para as comunicações sensíveis do governo, a banda Ka do SGDC – que corresponde a 75% da sua capacidade – será usada também para ampliar a oferta de internet no programa Banda Larga para Todos. É que todo o território brasileiro estará coberto pelo satélite e, assim, será possível levar internet de alta performance a 150 municípios brasileiros onde não há nenhuma forma de acesso. “São municípios da chamada Amazônia Legal e também no arquipélago de Fernando de Noronha”, detalha Coimbra.

Além disso, o satélite permitirá ampliar a oferta de internet em mais de mil cidades onde a rede terrestre da Telebras – rádio e fibra óptica – não é suficiente para atender toda a população. “A Telebras vai usar o satélite para cobrir essas regiões mais remotas, onde há alguma barreira geográfica que gera uma carência de Infraestrutura”, acrescenta.

O satélite estará equipado com a banda X, uma faixa de frequência destinada ao uso militar, que corresponderá a 25% da sua capacidade. O satélite permitirá uma cobertura regional (América Central e do Sul, Atlântico Norte e Sul, e costa oriental da África), uma plena cobertura do território nacional e contará ainda com um feixe de cobertura móvel capaz de iluminar qualquer ponto do globo visível pelo satélite de sua posição orbital. “Dessa forma, você consegue uma boa interligação com qualquer tropa, aeronave ou navio que esteja nessa área de cobertura do satélite”, enfatiza o assessor da SubChefia de Comando e Controle do Ministério da Defesa, Coronel Edwin Pinheiro da Costa.

Atualmente, as comunicações militares são realizadas por meio do aluguel da banda X em dois satélites da Embratel. Quando o satélite geoestacionário for lançado, o satélite privado será usado apenas como backup.

O SGDC está sendo construído em Cannes, na França, pela Thales Alenia Space (TAS), empresa franco-italiana. Os trabalhos estão sendo supervisionados pela Visiona Tecnologia Espacial, joint-venture composta pela fusão de duas empresas brasileiras: Embraer (51%) e Telebras (49%). Essa empresa integradora é responsável por toda a parte gerencial de aquisição do sistema e absorção de tecnologia.

Desde o início da construção do artefato, técnicos do Ministério das Comunicações, Defesa, Agência Espacial Brasileira, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, da empresa Visiona e da Telebras estão fazendo cursos e atuando na TAS. “Eles estão aprendendo e dando contribuições”, assinala o diretor do MiniCom.

A absorção de tecnologia permitirá que esses profissionais estejam aptos para assumir atividades de controle do satélite, já que esse processo acontecerá, pela primeira vez, em território brasileiro, em centros de controle que estão sendo construídos no Rio de Janeiro e em Brasília. Além disso, ao final deste processo, os técnicos poderão atuar no desenvolvimento de outros projetos espaciais.

Os primeiros passos desta tecnologia foram dados após a Segunda Guerra Mundial, no contexto da Guerra Fria. Os russos fizeram história, em 1957, com o Sputinik 1, primeiro satélite artificial a ser lançado. Ele enviava para Terra sinais nas frequências 20 e 40 MHz e comprovou ser possível estabelecer uma comunicação à longa distância. Cinco anos depois, em 1962, os americanos conseguiram realizar a primeira transmissão televisiva por satélite entre a Europa e os Estados Unidos.

Desde então, essa tecnologia e seus usos vem se aprimorando e, hoje, podem servir a objetivos bem distintos como traçar estratégias militares e realizar transmissões ao vivo. Um dos usos mais populares é o GPS (Global Positioning System). Ao procurar as melhores rotas no mecanismo, pouca gente se dá conta de que o GPS funciona a partir de uma constelação de satélites administrada pelo governo dos Estados Unidos.

O primeiro deles foi lançando em 1978 com fins militares. Em 1991, durante a primeira Guerra do Iraque, as forças armadas norte-americanas usaram o sistema para posicionar tropas no deserto. Atualmente, segundo a força aérea estadunidense, cerca de 2/3 das munições utilizadas contra o Estado Islâmico no Oriente Médio dependem de algum tipo de direcionamento por GPS.

 

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Redação

ENTELCO TELECOM

Fonte: MC e Ministério da Defesa