5 coisas que não devem ser feitas em um Radioenlace Profissional

Em telecomunicações, mais especificamente em propagação de sinais de RF, podemos entender que os elementos eletromagnéticos são “espalhados” em todo o ambiente em que se está irradiando o sinal gerado pelo transmissor através de uma ou mais antenas, portanto, a primeira regra sobre o fator entre a ligação de um ponto a outro no quesito irradiação de um enlace é a diretividade da antena, onde, através de um feixe, “ilumina-se” uma determinada área ou região, porém, o feixe da antena deve estar livre de obstáculos, onde, em “seu caminho”, não tenham objetos, construções ou qualquer outro tipo de barreira para o sinal.

Este feixe (lóbulo de irradiação) que recebe o sinal, por sua vez, deve ter uma referência, que é chamada de ruído, mas ele deve existir, ou então não teríamos a sequência de transmissão, mas este ruído, precisa ter uma certa distância do sinal efetivamente recebido do transmissor inverso. É neste ponto, onde a maioria dos profissionais que projetam um enlace e não são especializados em RF, criam problemas ao seu próprio propósito. Aparentemente este assunto é simples, mesmo aos “não engenheiros”, pois a impressão que temos é de apenas colocar um Rádio transmissor potente e uma antena “boa”, e ai o restante acontece por osmose, mas felizmente isto não é bem assim. Será preciso um pouco mais de esforço e empenho para que este enlace fique a contento.

Como exemplo, a foto a seguir, mostra a realidade em muitos casos que encontramos no dia a dia. Recentemente, em um domingo quase ensolarado, ao pedalar com “minha bicicleta turbinada” (risos), pela ciclo faixa em uma das avenidas mais movimentadas da cidade de São Paulo, me deparei com esta situação(conforme foto), resolvi parar e fotografar para gerar este artigo sugerindo algumas dicas. São três antenas em um cenário “bem caseiro” apesar de ser uma aplicação em uma rede de lojas bem conhecida na cidade. Uma antena de grade genérica Wi-Fi (fixada na parede em diagonal de forma errada), uma antena parábola sólida (Ubiquiti) e uma unidade CPE NanoLoco também Ubiquiti, “presas” em um tubo (cano) com menos de 20mm de diâmetro fixado em uma base de antena off-set (gambiarra).

O que mais chamou a atenção, foi exatamente o que eu descrevi no início deste artigo, ou seja, o feixe de irradiação das antenas, que neste caso, os três elementos estão comprometidos, tendo diversos obstáculos a frente de cada antena, além das distâncias entre cada um dos elementos deste enlace estarem erradas, temos também os tipos de antenas que mostram a inexperiência de seu projetista. Justamente por este motivo, resolvi escrever o artigo, mostrando 5 coisas que não devem ser feitas em um Radioenlace Profissional.

O que não deve ser feito em um radioenlace:

1. Não misturar tipos antenas que tenham diferenças de polarizações na mesma sequência;

2. Não manter antenas muito próximas umas das outras ( ter pelo menos 1 metro de distância);

3. Não deixar o feixe de irradiação da antena obstruído (ver documentação do fabricante para avaliar os ângulos);

4. Não deixar de Calcular  Zona de Fresnel (preocupar-se com postes, fios, caixas, construções, rede elétrica, etc.);

5. Não deixar as antenas próximo ao nível da rua, pois podem ter caminhões, ônibus parados ou estacionados (alto índice de reflexão);

Em seguida preocupar-se com pontos da rede lógica e tecnológico, mas isto seria outra parte importante do radioenlace, que escreverei em outro artigo mais adiante.

 

Elementos de um radioenlace

As antenas em um dimensionamento de Radioenlace, podem ser responsáveis por boa parte da qualidade e estabilidade de um link, no entanto, para que o dimensionamento correto seja feito, é preciso estudar alguns elementos de Telecomunicações, tais como:

• Propagação de sinais;
• Amplitude;
• Intensidade;
• Sensibilidade;
• Ruído;
• Interferência;
• Modulação;
• Entre outros;

A partir do iluminador de uma antena, nós temos o espectro, onde não detemos o domínio como num cabo ou mesmo na fibra óptica, assim deveremos classificar nossa antena, obviamente em conjunto aos outros elementos, Rádio, potência, sensibilidade e lista que apresentei acima. Na sequência, podemos adotar um critério de calcular nosso enlace. Mesmo não sendo um especialista, você deverá buscar conhecimento para tal. Sendo assim, basta somar todos estes elementos e aplicá-los ao seu enlace.

Continuando com os aspecto do iluminador da antena, deveremos nos preocupar com a visada, principalmente caso parecidos com o que mostrei nas imagens deste artigo, dependendo da tecnologia, pois se o assunto é utilizar Wi-Fi para elaborar este projeto, a cautela deverá ser maior é claro, mas sem muita preocupação, basta você juntar as peças certas na posição adequada e tudo ficará bem. Algumas tecnologias regeneram os sinais a partir de sua reflexão, mas isto não cabe aos Rádios Comuns que encontramos no mercado de baixo custo.

Ao determinar uma antena para enlaces Ponto a Ponto (PtP) devemos utilizar antenas com lóbulo de irradiação e feixe menor possível, para iniciar o processo de qualidade no resultado de seu projeto. Em verdade, até mesmo as células de distribuição, conhecidas como Ponto Multi-Ponto (PtMP), muito utilizado por provedores WISP, deveriam adotar o critério de diretividade, pois isto diminuirá o número de problemas a todos, inclusive quem não tenha nada haver com sua empresa.

Atualmente encontramos no mercado algumas marcas que facilitam a vida de muitas pessoas, como por exemplo, MikorTik, Ruckus, Ubiquiti, e vários outros fabricantes, mas dentre estes, aplica-se uma filosofia de “o meu é melhor e mais fácil de instalar”, isto voltado aos fabricantes. Mas não basta você adquirir estes equipamentos de prateleira, especificados por um vendedor comercial sem o devido conhecimento, portanto, procure empresas que tenham funcionários técnicos com o conhecimento voltado a aquele produto, ou então você deverá procurar o conhecimento através de cursos e treinamento. Aliás, em meus treinamentos, eu procuro focar a necessidade dentro de cada conteúdo, levando até o aluno ou cliente o maior número de informações direcionadas, mas como regra, seguimos conteúdos didáticos específicos, onde requerem o conhecimento anterior, base de infraestrutura, protocolos, serviços, transporte IP, etc.

Conhecimento Técnico

Para isto, aos que buscam conhecimento sobre 5 coisas que não devem ser feitas em um Radioenlace Profissional, podem consultar os cursos de planejamento, tanto de Radiofrequência em Infraestrutura que pode ser vista no curso de planejamento de Radio Enlace, quanto sobre algumas marcas em curso de planejamento de Enlaces Ubiquiti ou até mesmo no curso de planejamento de enlaces MikroTik  . Vale lembrar que não é em poucos dias que é possível conhecer tudo o que é necessário para fazer o melhor enlace, mas dependerá do esforço e dedicação de cada um para aprimorar o conhecimento transmitido ao longo de um treinamento.

Por

Rogério Barion

ENTELCO TELECOM